PARE E PENSE :
CRUZ nos lugares Públicos Sim! Patuás e pés de coelho, JAMAIS !

TODO BOM CRISTÃO NEM PESTANEJARIA !
Acontece que é bom começarmos a pensar mais.
Um tema que está em evidência atualmente, é a questão da LAICIDADE DO ESTADO, que nada mais é que o quanto o Estado pode ou deve interferir em questões religiosas, que dizem respeito às convicções de fé do povo brasileiro.

Muitos pensadores estão procurando equacionar esse assunto bastante polêmico e importante porque nosso Brasil é um país extremamente aberto às religiões e suas manifestações. As religiões se multiplicam, as crenças são importadas de todos os lugares e encontram aceitação no generoso coração que abriga milhares de santos e entidades múltiplas, com seus séquitos de seguidores.
Nossa Constituição Federal assegura como direito de todos os cidadãos a liberdade de crença e a garantia de que o ESTADO não vai impor uma religião oficial , e inclusive deveria se abster de questões que tenham cunho religioso para não acabar por tornar algo coercitivo, obrigatório. Assegura também o direito daquele que não crê em nenhuma religião, é o seu próprio deus e se governa sozinho.

Desde os tempos do Éden, não dá para negar a tendência de alguns de precisar pagar para ver . Estamos pagando a conta há anos. Mas escolhas são escolhas e a humanidade segue mudando pouco.
Sendo um país de maioria cristã, estamos acostumados a ver nossos símbolos de fé em locais públicos, e no momento em que alguém diz que eles não deveriam estar onde estão, pelo fato do Estado ser laico e respeitar todas as religiões, nossa veia engrossa, a ira sobe para a cabeça e iniciamos movimentos para manter o que sempre foi nosso por direito, nos lugares habituais.
Talvez agíssemos de forma diferente se a religião dominante fosse o islamismo, por exemplo, como acontece com inúmeros países europeus, anteriormente cristãos.
E esse é o ponto que gostaria de ressaltar, como profissional do Direito. Essa reflexão tem que ser feita de forma racional. Vivemos no que deveria ser um ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, mesmo que a prática diga que não é nem tão democrático, nem tão de direito, pelo menos no que depender de nós, temos que mantê-lo com os princípios que ordenaram a CARTA Magna de que nos valemos.
Em primeiríssimo lugar o governo não pode favorecer nem discriminar nenhuma religião. Essa é a garantia da sobrevivência do cristianismo. Mas nós cristãos adoramos dar ao Estado um poder que ele jamais deveria ter sobre a nossa fé.
Todo movimento feito no sentido de conseguir maior espaço na vida pública, que não seja pelos serviços prestados pelos fiéis, por amor e convicção, mas sim pelo Estado, será sempre um precedente para todas as religiões alcançarem o mesmo benefício, porque o Estado não poderia agir de forma diferente. O problema é que muitos de nós achamos que temos todos os direitos e nos ressentimos quando os direitos contemplados pelo favor do Estado são de outros, e ferem a nossa fé.

Pedir ao Estado chancelas, empodera o Estado em questões que ele jamais teria que
interferir. Ele só deve interferir para salvaguardar os direitos dos cidadãos de exercitarem sua fé livremente.
Já vimos o Estado entrando em nossas Igrejas, através das Promotorias de Justiça, para fazerem os pregadores se retratarem do que ministraram do púlpito, que foi considerado ofensivo para alguém que buscou o respaldo do Estado. Como isso é possível ? Simplesmente porque aceitamos. Jamais poderíamos permitir que o ESTADO nos dite o que podemos ministrar ou não do púlpito!

Mas , ao buscar nele soluções e apoios , acabamos nos tornando reféns dele, que passa a se achar senhor dessa seara que não lhe pertence, das poucas, diga-se de passagem, que ainda não lhe pertence.
Minha provocação é : Vale à pena buscarmos esses espaços, quando na realidade estaremos trocando a nossa liberdade por eles? Falo espaços, mas entenda tudo o que você puder, como moeda de troca. O que perdemos ao negociar com o Estado as questões inerentes à nossa fé?
Se alguém tiver uma resposta , deixe nos comentários .

Atualmente ando fazendo mais perguntas do que consigo responder.

Gianna Cardoso -Advogada, Produtora Cultural e Escritora– 22.06.24

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